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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A família Lanzani - Capítulo 19

A família Lanzani


Capítulo 19 - Pônei


Então, o bebê descobriu o brinco cintilando através da cabeleira do seu novo pai. Lali lhe dera a pequenina argola de prata retorcida por ocasião do seu 21° aniversário. Junto com um relógio que Peter ainda usava, e uma noite de amor que quase o levara à loucura.

— Que tal este outro? — Apontava para um conjunto de carvalho, todo decorado com pequenos cowboys entalhados. — Combina com minha casa.

A imaginação de Lali flutuou para rosas adocicadas e champanhe, para a cama de quatro colunas no quarto de Peter. A comemoração do aniversário de 21 anos de Lali fora tão erótica quanto a dele. As coisas que Peter fizera com ela, o jeito com que usou sua boca, sua língua, seu...

— Uau! — Peter rodopiou o menino. — Isto é exatamente o que você precisa. Veja só, parceiro, é um pônei.

A cabeça de Miguel ricocheteou para o alto.

— Pa... pa... pa.

— Isso mesmo, um cavalo de balanço.

Balançou Miguel no cavalo, e o bebê agitava os braços para cima. Não era grande o suficiente para se balançar sozinho, mas Peter o ajudava.

Miguel guinchava e gargalhava, e Lali agarrou aquelas covinhas para um beijo. Ainda podia se lembrar do dia em que ele nascera o dia em que escorregou para os seus braços ansiosos, a cabecinha negra e os pequenos membros descarnados.

Peter sorriu novamente.

— Temos que comprar este. E o berço com a penteadeira de carvalho também. — Levantou Miguel do cavalo de mola. — Eu disse que ele escolheria o que quisesse. — Deu uma palmadinha leve no traseiro acolchoado pela fralda. — Devíamos procurar algumas figuras de carrossel para o quarto dele. Alguns pôneis das cores do arco-íris ou algo parecido. — Peter hesitou e então prosseguiu, com uma expressão de curiosidade: — Ou tudo isto é muito feminino?

— Ah, não se preocupe. Meninos também gostam de carrossel.

— É, imagino que os meninos gostem. — Satisfeito, balançou o pequeno Miguel. — Precisamos comprar uma gaiola nova também.

— Gaiola?

— Cercadinho — retificou. — O maior que eles possam fabricar. Devem estar por aqui em algum lugar. Não é, parceiro?

Miguel olhava para o cavalo de balanço que ficara para trás.

— Pa... pa... pa.

— Sim. Aquele pônei será seu. — Peter dirigiu-se para Lali. — O pessoal do rancho tem perguntado sobre ele... sobre nosso filho.

— Eles têm mesmo?

— Também perguntaram por você. — Pigarreou para polir a garganta, a rouquidão que deixava sua voz mais grave. — Eu disse que você vai voltar ao trabalho em breve.

Lali pretendia retomar seu emprego na segunda, levar Miguel ao antigo escritório, explicar a razão da sua ausência a quem fosse suficientemente ousado para se intrometer.

— Você está preocupado com isso? Sobre os funcionários nos virem juntos? E fazer fofocas pelas nossas costas?

— Já estão fofocando.

Colocou Miguel de volta no carrinho, e assim que a criança gemeu e se debateu, em protesto contra aquele súbito aprisionamento, Peter sacou um chocalho em forma de pato da bolsa de fraldas. O pato voou direto para o chão. Pacientemente, Peter pegou o brinquedo e fez uma nova tentativa, desta vez com um jogo de chaves de plástico. Como aquilo também não funcionou, recorreu à mamadeira. Enfim se ergueu, encarando Lali.

— Estou tentando me aclimatar. Acostumar-me a tudo isso. Mas não é fácil.

Lali ouvia os sons de Miguel sugando a mamadeira, vibrando os lábios com força e chutando o ar com os pezinhos.

— Você está fazendo um ótimo trabalho.

— Sério? — Peter ainda tinha as chaves de plástico na mão. — Você acha mesmo que Miguel vai gostar tanto de mim quanto gostou do meu primo?

— Eu acho que ele já gosta.

— Na outra noite não pareceu.

— É porque você está mais à vontade com ele agora.

Peter deu de ombros, mas sorriu de leve.

— Parece que sim. Mas eu não vou trocar nenhuma fralda fedorenta.

Lali riu, satisfeita que ele estivesse mergulhando no papel de pai de Miguel, fazendo o melhor que podia para parecer paternal, para conquistar a afeição da criança.

— Obrigada — Lali disse, mais uma vez.

— Pelo quê? Por comprar alguns móveis infantis? Não foi nenhuma grande coisa.

Mas era, pensou Lali. Qualquer esforço para ajudar Miguel era importante.

Enquanto procuravam a ala dos cercadinhos, Peter parou no meio de um corredor.

— Você já entrou em contato com o tal especialista em comunicações?

Lali sabia que mencionava o amigo de Vico.

— Já. — Havia ligado para ele de um telefone público na cidade, sentindo como se ainda estivesse fugindo, esquivando-se de estranhos e vigiando por cima dos seus ombros. — Ele vai checar as linhas na próxima semana.

— E por que ele está demorando tanto?

— Ele não mora nesta área. Não conseguiria chegar aqui antes disso.

— Acha mesmo que os telefones estão grampeados?

— Provavelmente. Não consigo conceber que a Máfia simplesmente tenha deixado toda essa história seguir seu rumo.

Pensativo, Peter revirava as chaves gigantes.

— Talvez devêssemos encenar uma ligação falsa, e dar àqueles bastardos intrometidos alguma coisa que valesse a pena ouvir. Alguma coisa realmente quente e pesada. Algo que ardesse nos seus ouvidos.

O queixo de Lali quase despencou.

— Você espera que eu fique gemendo e arfando no telefone para você? E sabendo que os mafiosos estão na outra linha?

Peter exultava.

— Imagine só as caras que eles não fariam quando ouvissem a fita. Todos aqueles barulhinhos que você faz com a respiração.

A última coisa que Lali gostaria de imaginar era um monte de gângsteres comedores de sushi, reunidos em volta da piscina de Enrique Halloway para ouvi-la resfolegar.


— Você apenas quer ter seu ego insuflado...

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