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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A família Lanzani - Capítulo 13


A família Lanzani


Capítulo 13 - Típico quadro familiar





— Ah. — Repleta de remorsos, Lali observou o cachorro deixar a cabeça tombar sobre o joelho de Peter. Miguel se inclinava para frente, ansioso para acariciar Chester novamente.


— Viu? Eles se gostam.


— É mesmo. — Lali piscou, torcendo para não começar a chorar. Peter parecia tão bem com um bebê adorável no seu colo e um cão fiel aos seus pés.





Peter empurrou o balanço, e Miguel aninhou-se contra o seu peito. Chester sossegou, esperando secar o pêlo molhado.


— Está ótimo aqui fora — comentou Peter.


Lali meneou a cabeça, concordando. O ar da tarde estava morno e as flores desabrocharam em um azul exuberante.


— É sempre bonito depois de uma tempestade. Depois que a chuva alimenta a terra.


Miguel, sonolento, foi fechando os olhos, se deixando levar, afinal não tinha concluído sua soneca da tarde.


— Você tirou suas roupas do meu quarto, Lali?


— Não, ainda não. — Lembrou de tê-las visto no armário embutido, enquanto varria o quarto à procura dos microfones. — Mas vou tirar. — Ficou surpresa por Peter não ter dado tudo para caridade. Ou queimado.


— Sua antiga gaveta de lingerie ainda tem bastante coisa dentro, também.


— Eu sei. Eu vi. O meu carro ainda está na garagem?


— Está, mas a bateria morreu.


— Tenho que devolver para a agência de aluguel até sexta — explicou ela —, não posso me dar ao luxo de mantê-lo aqui.


— Vou providenciar uma bateria nova para o carro. E me certificar que ele funcionará direito novamente.





— Obrigada — murmurou Lali. — Ficarei muito grata por toda a ajuda.


Seus olhos se encontraram, e Lali sentiu o estômago latejar, sensação própria de uma menina. Em silêncio, observou enquanto ele acariciou as costas de Miguel, acalmando o bebê com um movimento suave, ninando-o para um sono mais profundo.


Um instante depois, subitamente, Peter parou de impulsionar o balanço e de mover as mãos, como se tivesse tomado consciência de toda aquela ternura e daquele típico quadro familiar.


Homem, mulher, criança, cachorro.


  — Preciso voltar ao trabalho.


Entregou Miguel para Lali, que tomou o garoto com pena. A criança se agitou, mas voltou a dormir.


— Agora você já pode lidar com o Chester, não é?


— Posso. — Espiou o cachorro, que olhou de volta para ela, empertigando aquele par de orelhas enormes e frouxas. — Que tipo de comida eu devo dar a ele?


— Qualquer coisa. Chester come as sobras da mesa.


— Darei a ele alguns restos, por enquanto, e um pouco do que eu cozinhar mais tarde. Talvez galinha. Reparei que tem algumas coxas assadas no freezer.


— Tudo bem, mas não conte comigo para jantar. Provavelmente, vou chegar tarde de novo esta noite. — Peter se levantou, e sacudiu a calça empoeirada, esquecendo a toalha seca no balanço. — Não me espere....





— Não vou esperar — respondeu Lali contrariada, sabendo que na verdade ficaria deitada na cama, pensando nele.





Lali não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar em Cande e Vico, sobre ela e Peter


Sentia falta de Vico e Cande, mas, de alguma forma, a saudade de Peter era ainda mais forte. Sentia falta de ser sua parceira, sua amante, sua amiga.


Sentou-se no sofá da sala de estar, a pequena chama de uma lamparina ardia, e ergueu os joelhos para cima. Chester se aninhou ao lado dela. Estava meio adormecido, seus olhos caídos ainda mais arqueados.


— Você é um cachorro tão bom. — Afagou as orelhas, e ele se arrastou mais para perto, colocando a cabeça no colo de Lali. — Está se sentindo solitário?





Seu dono ainda não havia voltado para casa, e o relógio do aparelho de DVD já marcava 1h04m da manhã.


— Você dorme na cama de Peter, não é? — Lali acariciou o pêlo espesso e áspero. — Eu costumava dormir lá.


E ela se lembrou, com saudades, de cada momento em que pôde estar perto de Peter, acordar nos braços dele.


Então, ouviu a caminhonete dele. Chester levantou as orelhas, e a batida do coração de Lali retumbava contra o peito. Deveria fingir que estava dormindo? Afinal, ele a avisara para não ficar esperando e, ainda assim, ali estava ela, esperando por ele até tarde.


Não intencionalmente, mas estava acordada do mesmo jeito.


Uma chave foi introduzida na fechadura.


Tarde demais para fingir que estava dormindo. O cachorro abanou o rabo e começou a ganir.


Peter entrou na casa, notando Lali e o cão imediatamente. O cachorro saltou do sofá para saudar o dono, e Lali endireitou a camisola. Ela não conseguia ficar tranqüila diante dele.


Peter se curvou para receber a saudação afetuosa de Chester, mas seus olhos estavam fixos em Lali.


— Não esperava encontrar você acordada — disse ele.


— Não consegui dormir, e não queria perturbar o bebê.





Peter ficou de pé, fazendo com que os hormônios dela entrassem em ebulição.


Lembrou-se de cada polegada do corpo dele: ombros largos, músculos bem talhados, quadris enxutos. No bíceps do braço direito, Peter ostentava uma tatuagem em formato de bracelete, com feitío tribal marcado por traços cheios e negros. Quando menina, Lali era fascinada pela sensualidade rebelde de Peter. Como mulher, ele jamais falhara em deixá-la sem fôlego.


— Fui até The Corral de novo — contou Peter.


— Eu sei.


— E como você sabe?


— Ora, eu simplesmente posso dizer que sim. — Lali encarou-o, reparando a expressão minguante e meio desfocada dos seus olhos. — Você esteve bebendo...

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