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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A família Lanzani - Capítulo 11


A família Lanzani


Capítulo 11 - Pa.





Peter ouviu a água do chuveiro correndo e o bebê chorando.

Ótimo. Abotoou a camisa e se meteu dentro do jeans. Outra manhã para domar a ansiedade.

Deveria deixar Miguel chorando? Ignorar os lamentos zangados da criança e esperar que Lali cuidasse disso depois que saísse do banho?

Sim, pensou Peter. Era exatamente isso que deveria fazer. Porém, enquanto procurava suas botas, os berros do menino fizeram com que se sentisse culpado. E se o garotinho estivesse doente? Ou amedrontado? Ou...

Miguel soltou outro gemido. Peter se rendeu e foi até o quarto do garoto.

O bebê estava de pé no berço portátil, berrando como um pequeno banshee*. (* Ente sobrenatural do folclore irlandês, que emite um grito estridente quando alguém está para morrer.)

Assim que Peter, o bebê arquejou e, então, recomeçou a chorar.

— Qual é o problema? — perguntou Peter. Miguel fez uma expressão de alívio.

— Pa... pa... pa.

Papa? Papai? O bebê estava chamando Victorio?

— Não posso ajudá-lo, parceiro. Eu não tenho a menor idéia de onde o seu pai se enfiou.

O bebê olhou para o chão.

— Pa.

Peter espiou para baixo, e então encontrou o bicho de pelúcia aos seus pés.

— Toda esta comoção é por causa disso? — Abaixou-se e pegou o brinquedo, um cavalo amarelo com a crina enfeitada por filetes dourados. — Aqui. — Entregou o pônei, que o garoto agarrou como se fosse um doce.

Miguel soluçava e abraçava o cavalo, e Peter deu uma leve ajeitada no cabelo desalinhado do menino.

— Vamos ver se encontro alguma coisa para secar seus olhos. - Olhou em volta do quarto e notou um monte de cacarecos de bebê na penteadeira. Fraldas, um pote de toalhas descartáveis, loção. Viu as toalhas. Seria certo limpar o rosto do neném com aqueles lenços umedecidos, que são mais apropriados para limpar o bumbum?

Peter não queria cometer nenhum erro estúpido e acabar irritando os olhos do bebê.

— Pronto, assim está melhor.

Miguel o recompensou com um sorriso apalermado.

— Eu acho que você também acha isso.

— Pa. — O bebê largou o cavalinho.

Peter pegou o brinquedo, imaginando que diabos deveria fazer com aquilo. Então descobriu uma chave de corda do outro lado.

— Isso fala? — Torceu a chave e o brinquedo tocou uma canção de ninar. — Ah, entendi. É um cavalo musical.

Miguel fazia bolhas de saliva, e Peter se perguntava o que Lali pretendia contar ao menino quando ele ficasse mais velho. A verdade, claro.

— Eu serei seu pai apenas por alguns meses. Então, é melhor não se acostumar com isso.

O menino lhe deu o cavalo outra vez.

— Tudo bem, ótimo. Nós vamos tocar aquela música de novo – Viu Lali entrando no quarto o encarando com uma cara confusa.

— Miguel estava tendo um ataque — contou Peter. — Ele deixou o cavalo cair no chão.

— Pônei.

— Hã?

— É um pônei.

— Pa — arremedou Miguel, como um papagaio.

Peter contemplou o brinquedo na sua mão. Então "pa" significava "pônei"?

— Ah, entendi. — Sentindo que se comportara como um tolo, entregou a Miguel seu parceiro peludo. Aquela porcaria desatou a tocar uma melodia enquanto o robe de Lali o distraía, executando um jogo de mostro-não-mostro.

Por que Lali deveria estar de calcinha, se tinha acabado de sair do chuveiro?

— Vou lhe mostrar como se troca uma fralda — anunciou Lali.

— Para quê?

— Porque supostamente você deveria aprender como ser um pai.

Lá vinha Lali de novo, a embelezar seu papel de coadjuvante naquela farsa, para convencê-lo a se comportar com espírito paternal.

— Você até pode me mostrar, mas eu não vou fazer nada disso, especialmente se ele estiver fedorento.

— O bebê está molhado.

— E como é que você sabe?

— Porque ele acorda molhado todas as manhãs.

Lali colocou Miguel na cama e desabotoou seu pijama. Enquanto seu corpo estava exposto, ela o cobriu rapidamente, e então alcançou as toalhas de papel.

Peter revirou os olhos. Estaria Lali preocupada com os pudores do bebê?

 —Eu já vi um destes antes, Lali. Na verdade, tenho um igualzinho. — Virou-se para a braguilha das calças. — Sim, com toda a certeza eu tenho um.

Lali se dirigiu para Peter.

— Menininhos costumam esguichar.

— Sério? — Peter não conseguiu conter o riso. — Ele já esguichou em você?

— Em mim não, mas em Vico sim.

— Jura? — Cutucou a barriga da criança. — Então você fez pipi no seu pai, hein? Aposto que isso colocou o Sr. Criminoso Linha-dura no devido lugar.

Miguel gargalhou e Peter sorriu.

— Exatamente como me sinto.

Lali sacudiu a cabeça.

— Isso não é nada engraçado.

— Então, por que você está achando graça?...      


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