Quase por acidente - Capítulo 6

Quase por acidente 

Capítulo 6 

Mariana - siim... - Ela riu mais ainda. Seu sorriso era talvez o que mais me encantava, quando a via assim já tinha ganho o resto do dia. Confesso que fiquei surpreso, jamais imaginei isso. Fiquei realizado, embora o meu sonho fosse impossível. - Eu fui morar em outra cidade, mas quando voltei passamos por essa rua, eu comecei a rir sozinha me lembrando disso...
Peter - então eu acabei de realizar o seu sonho, hauhauhauhauahauah`
Mariana - é, parece que sim... - Ela se virou e me olhou. - Desculpa, eu to atrasando o trabalho, mas eu não resisti... - Ela voltou pro meu quarto e eu fui junto. Ficamos a tarde inteira resolvendo a parte `teórica , como as falas, quais partes seriam encenadas, o que usaríamos, como faríamos, e tals. Quando ela decidiu ir embora já era de noite.
Peter - até amanhã... - Estávamos do lado de fora.
Mariana - até... - Ela deu uns passos pra trás, e depois se virou.
Peter - posso te levar em casa... se quiser...- Não queria de maneira alguma ficar longe dela!
Mariana - bom, eu adoraria, mas se o Pablo vir vai fazer um escândalo... - Maldito!
Peter - desculpe, é que está tarde e me preocupa que ande sozinha por essas ruas... - Ela mordeu o lábio inferior.
Mariana - ok, deixarei que me acompanhe... - Ela disse num tom de brincadeira. Fomos caminhando devagar. Estava frio, coloquei as mãos nos bolsos, e percebi então, ela abraçando a bolsa. - nossa, acho que vai nevar! - A minha reação foi completamente instintiva, tirei meu casaco e coloquei sobre ela. Sentia uma extrema necessidade de protegê-la, acolhê-la, e naquele momento me senti forte perto dela. Ela estava com o olhar distante e pareceu se assustar. Quando me olhou toda a força desapareceu, e provavelmente eu já estava vermelho.
Peter - é que.. você tá com muito frio... - Disse gaguejando. Me perdi completamente em seus olhos, eles pareciam me hipnotizar... Ela nunca havia me olhado daquela maneira, e eu que conhecia tanto seu olhar, não consegui decifrar o que ele estava dizendo. Um sorriso contido se formou no rosto dela. 

Mariana - puxa... valeu... - Ela o apertou carinhosamente. 
Peter - não é nada... - Ela não respondeu nada, estava pensativa. - O que você tem?
Mariana - as mesmas bobagens de sempre... - Eu já sabia, mas queria tanto que ela disesse...
Peter - bom, levando em conta que nos falamos a dois dias.. eu não sei muito dessas tais bobagens... -ela ficou calada, será que eu to falando demais? - Mas se não quiser dizer eu entendo... - Tentei me corrigir.
Mariana - é o Pablo... A cada dia que passa ele fica mais ciumento, cobra demais... E muitas vezes parece nem se importar comigo... eu não consigo entender!
Peter - bom, vai ver é só o jeito dele...
Mariana - não, Poter, ele mudou muito! ... Antes ele era mais carinhoso, me ligava várias vezes, me dava atenção, respeitava completamente as minhas decisões... agora ele só liga pro que ele pensa...
Peter - sinto muito que esteja passando por isso, deve ser muito ruim... - Não posso acreditar que ele a faz sofrer!
Mariana - sim, e eu gosto tanto dele, queria poder entendê-lo...
Peter - bom, eu queria mesmo te ajudar, mas não entendo muito do assunto, então acho que minhas opniões seriam inúteis... - odiava o Pablo, mas amava a Mariana... 
Mariana - vocês dois são tão diferentes! Queria que ele fosse pelo menos um pouquinho parecido com você... - Meu coração disparou. Minhas bochechas coraram. Não consegui dizer nada. Já estávamos em frente a casa dela. - Chegamos... - Ela sorriu de cantinho. Quanto mais via seu sorriso, mais me encantava por ela.
Peter - então até amanhã... - Ela tirou meu casaco.
Mariana - obrigada, até... - Me devolveu, e me deu um beijo no rosto. Saí devagar, sorrindo sozinho como um bobo. Como era maravilhoso estar com ela! Nunca tinha me sentido assim tão completo! Nem tão vazio longe dela... Fui dormir abraçado com o casaco, sentindo o cheiro dela que havia ficado. Lembrando repetidas vezes as coisas que haviam acontecido nesses dois dias. Acordei bem disposto, mudei o rumo a caminho da escola, pra poder passar em frente a casa dela.

Passei devagar, voltei, olhei ao redor, mas não vi nenhum sinal dela. Eu estava nervoso, não sabia se teria coragem pra chamá-la. Me aproximei do portão devagar, e recuei. Fui mais uma vez, quando cheguei perto da porta, ela se abriu. Fiquei branco de susto. Era a mãe dela.
Peter - olá, eu estudo com a sua filha, ela está?
Julia- foi pra escola... - Deu pra notar que a simpatia ela não puxou da mãe.
Peter - ok, obrigado... - Peguei o caminho mais longo por nada... Acabei chegando atrasado. Ela já estava lá, eu sorri pra ela, mas ela pareceu nem notar minha presença. Sentei um pouco desapontado. Quando a aula acabou, ela ficou por último, como antes, mas estava diferente. Me atrevi a perguntar.
Peter - o que houve?
Mariana - nada.. - Ela suspirou. Respeitei o seu silêncio e saímos juntos da sala. - Se importa se eu for com você? Pra sua casa...? - Ela perguntou sem jeito.
Peter - que? Claro que não, é muito bem vinda!
Mariana - espero que sua mãe não se importe...
Peter - ela não vai, gostou muito de você...
Mariana - ainda bem... - Ela parecia um pouco aliviada, mas ainda estranha.
Peter - olha... se não quer dizer eu entendo... mas não é muito bom te ver assim...
Mariana - ér... se eu pudesse contaria, mas não posso... - ela desviou o olhar pro chão. E aí eu percebi que Pablo estava encostado no armário dela, nos olhando cheios de ódio. Passamos direto por ele, e não me atrevi a perguntar o motivo. Podia estar errado, mas ela parecia estar com medo. Fomos calados durante o caminho inteiro, aquilo estava me deixando com um embrulho no estômago. Chegamos em casa.
Ale - demorou filho... Ah, trouxe sua coleguinha com você, tudo bom querida? - Graças a deus que a minha mãe é simpática, por que a dela me deu medo.. `
Mariana - olá, espero não ser muito incômodo...
Ale - ah, claro que não, entrem, esse sol está matando...