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domingo, 16 de dezembro de 2012

A família Lanzani - Capítulo 3

A família Lanzani



Capítulo 3 - Tão... Frio.




- Eu devia obrigar você a me contar. Devia arrancar toda essa maldita história de você. Aqui mesmo. Agora mesmo. Só que eu não vou fazer isso. E você sabe por quê?

Nervosa, Lali acenou com a cabeça que não. O tom de voz dele soava tão frio, tão inflexível.



- Porque mais um dia não vai fazer a menor diferença. O que está feito, está feito. Você fez sua escolha quando decidiu mentir para mim. Quando você não ligou. Não voltou mais.

- Eu sinto muito - desculpou-se Lali, tentando sufocar o choro para não desabar na frente dele.

Será que Peter entenderia caso lhe explicasse por que não ligou? E por que não voltou antes?



Por mais unidos que Lali e Peter fossem, ele nunca dissera que a amava, nem mesmo quando insistiu para que morassem juntos.



Bem, afinal de contas, ninguém mais além do irmão cabeça-dura havia lhe dirigido essas palavras. As frases ternas com as quais Vico sempre a tratava, como "Obrigado por se importar" e "Eu te amo, garota" se transformaram no seu salva-vidas, na convicção de que era verdadeiramente digna de ser amada.

Vico entendia muito bem a obstinação da irmã. O pai de Lali, seu padrasto, invariavelmente desaprovava tudo o que ele fazia, e o castigava com freqüência, erguendo os punhos contra o enteado até o dia em que Vico cresceu o suficiente para se defender.

Lali se ajoelhou para acariciar o cabelo castanho e espesso do bebê e, afinal, decidiu encarar Peter de frente.



Disfarçadamente, ele trocou os pés de posição. Peter parecia tão sombrio, tão ameaçador. Mesmo assim, Lali se recordou do quanto ele podia ser gentil, meigo, infantil e brincalhão.

Peter costumava provocá-la com cócegas, atacando com os dedos entre as suas costelas até que Lali quase morresse de tanto rir. Depois a beijava até que suspirasse seu nome, e então se derretesse sobre a cama, seu corpo nu sobre o dela.

- Você pode dormir no quarto de hóspedes - ofereceu Peter, sem o menor vestígio de hospitalidade na voz.

- Obrigada, mas o sofá está ótimo. A cama de Miguel já está armada aqui na sala, e eu gostaria de ficar perto dele.

- Vejo você pela manhã - despediu-se Lali

Peter espiou o bebê, depois se voltou para ela.

- Tem leite na geladeira se você precisar.

- Obrigada. - Lali observou enquanto ele desligava a TV, e foi andando pelo corredor.

Peter Lanzani com sua pele de bronze e seus cabelos negros como as asas de um corvo. O homem que ela amava. O homem que ela desejava não ter traído jamais.

Peter se arrastou até o chuveiro. Passou a maior parte da noite revirando-se na cama. Assim que a água esmurrou seu corpo e ele alcançou a toalha, Peter disse a si mesmo para relaxar, a fim de enfrentar o dia com toda a paciência da qual pudesse dispor.



Enquanto escovava os dentes, notou que outro tubo de pasta estava sobre a bancada da pia.

Pertencia a Lali

O passado retornou para zombar dele, trazendo de volta as recordações - doces e amargas - do tempo em que vivia com Lali, dividindo com ela o mesmo espaço. A velha casa de fazenda de Peter possuía três quartos e um banheiro muito aconchegante.

Enxaguou a boca e olhou de lado para a pasta de dentes de Lali, tentando dissipar a inconveniente sensação de intimidade que a presença daquele objeto despertara.

Peter se serviu de uma xícara de café e permaneceu quieto por um instante, tentando acalmar o coração. Só então decidiu ir até a sala, onde acabou tropeçando nos fios emaranhados de uma variedade de equipamentos eletrônicos.







O sistema de segurança sobre a mesinha de centro parecia funcionar automaticamente, já que ao mesmo tempo Lali operava outro detector, certamente projetado por Vico.

O irmão de Lali era um gênio jovem e arrogante, e tão habilidoso quanto alguém que possuísse um título de doutorado em engenharia elétrica. Ele deve ter ensinado a Lali  tudo o que ela precisava saber.

O aparelho parecia bastante simples de ser operado, mas isso não diminuía sua eficácia. Victorio não construía geringonças como aquelas vendidas nas lojas de produtos para espionagem caseira. Ele lidava com a coisa real.

O bebê fez um ruído e atraiu a atenção de Peter para o berço. Miguel estava dormindo, mas uma mamadeira suspeita descansava ao seu lado. Aparentemente, Miguel tomou um pouco de leite e caiu no sono outra vez.


Só então Lali se virou para Peter, fitando-o diretamente nos olhos...

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