Capítulo 27
O chefe chegou. De estatura mediana, cabelos louro-acinzentados e um terno bem coitado, Halloway adentrou a sala com seu jeito de empresário magnata.
Disse boa tarde para Lali, para Peter ofereceu um apropriado aperto de mãos.
Enrique Halloway não era o que Peter esperava. Ele não tinha aquela afetação pomposa do falecido John Gotti, o impetuoso gângster de Nova York, nem parecia com o modo de Marlon Brando em sua interpretação de um Dom da Máfia. Halloway simplesmente se apresentava como qualquer outro homem de negócios bem-sucedido de Los Angeles.
Entretanto, aceitou a mão que lhe fora estendida.
— Estou contente que tenha chegado na hora — disse Halloway.
— Você grampeou meus telefones — retrucou Peter, tão educadamente quanto seu anfitrião.
— Grampeamos? — O chefe piscou, quase sorriu. — Não me recordo de ter feito uma coisa dessas. — Voltou-se para o boxeador. — E você, lembra?
O homenzarrão deu de ombros.
— Talvez Espósito o tenha feito. Ele é o especialista em vigilância, não eu.
As feições de Halloway se endureceram.
— Minha filha está morrendo. Espósito praticamente a enviou de volta para mim dentro de uma caixa. Você tem um filho muito bonito. — Deu uma olhada por cima dos ombros, atirando suas palavras para Peter. — Eu tenho três filhos. Mas apenas uma filha
— Quando poderei ver Cande? — Lali quis saber, abraçando Miguel apertado.
— Logo. — Halloway continuou estudando a criança e o coração de Peter quase explodiu para fora do peito. Será que o gângster sabia? Sabia que Miguel era seu neto? O garotinho da sua filha?
Enfim, ele se virou para Peter
— Da próxima vez que você encontrar com Victorio diga-lhe que eu reservei um quarto para ele no inferno.
— Não pretendo me encontrar com ele. Não somos mais amigos.
— Nunca se sabe. — O chefe gesticulou para o boxeador. — Mostre o andar de cima à senhorita e ao seu namorado índio.
Depois daquela frase, Halloway se acomodou na sua escrivaninha, despachando-os como o lixo da semana anterior.
Porém Peter se recusou a dar tudo por terminado, não daquele jeito.
— Posso confiar em você, Halloway? Ou a minha família corre perigo?...
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