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domingo, 3 de fevereiro de 2013

A família Lanzani - Capítulo 24

A família Lanzani



Capítulo 24 - Não parecia confortável


Lali amava o rancho Elk Ridge. O famoso rancho acomodava uma variedade de convidados, oferecendo cabanas rústicas nas colinas ou quartos luxuosos no hotel. Além disso, o hotel possuía academia de ginástica, massagista, salão de beleza, uma loja de lembranças, uma nova boutique, um salão de jantar e piscina na área interna.

— Você está nervosa? — Peter perguntou.

Sentou-se ao lado dele na caminhonete, com Miguel tagarelando na extensão da cabine.

— Um pouco. Mas também estou ansiosa. Você acha que as pessoas vão perguntar onde eu estive?

Peter estacionou o veículo e abriu a porta de repente.

— Não sei. Algumas podem, mas estou bem certo de que o meu primo espalhou a história.

O pulso dela acelerou.

— Que história?

— Que Vicotorio estava fugindo de alguns criminosos e que você estava com ele. — Observou enquanto Lali removia Miguel do assento do carro. — Eu não mencionei quem esses criminosos eram.

— A Máfia já não é mais forte como costumava ser.

— Mas eles ainda estão por aí.

— Sim.

Homens como Enrique Halloway ainda existiam, durões, homens ambiciosos restaurando as raízes do crime organizado, vivendo sob o seu próprio conjunto de regras.

Subiram pela varanda coberta, com Peter carregando a bolsa de fraldas e o embaraçoso cercadinho. Lali levava Miguel, e o bebê olhou em volta, os olhos arregalados e curiosos.

Trabalhar com Mamãe e Papai.

A nova mamãe e o novo papai, emendou Lali. Antes disso, ela fora sua tia e Peter apenas um estranho.

Apesar da inaptidão de Miguel para se expressar com palavras, sabia que a criança não se esquecera de Cande e Vico. Dissipou estes pensamentos e entrou no hotel, parando no lobby. O hotel estava silencioso, mas em uma hora os hóspedes de Elk Ridge estariam na área do restaurante para uma verdadeira refeição country.

— Oh, mi preciosa!

Lali se virou para ver Maria Sandoval correndo em sua direção. Maria, a recepcionista do hotel, cuidara de Lali quando ninguém mais o faria.

Maria abraçou os dois e recuou para examinar o bebê, e então apertou uma das mãos no coração.

— Tão doce, Tão perfeito. Parece com o señor Peter, no? — Concordando com a cabeça, Lali mexeu no nariz de Miguel. — Mas ele se parece com você também. Parece com os dois.

— Obrigada. — Lali sorriu. — Senti sua falta, Maria.

— E agora você está em casa. Agora você vai ficar de vez, no? —Lali não teve chance de responder. Peter se aproximou delas, fazendo mais alarido do que seria necessário.

— Eu vou arrastar estas coisas para o seu escritório — disse ele a Lali, ajeitando a sacola de fraldas e chacoalhando o cercado.

Maria observou Peter se afastar.

— Ele estava solitário sem você, señorita. Tão solitário. Mas zangado também, algumas vezes.

— Não era minha intenção ficar longe.

— Eu sei. Eu ouvi. — A recepcionista apertou a mão dela. — Você vai agora. Você trabalha. E eu vou pedir para o chef mandar o café-da-manhã. Para o bebê também.

O escritório de Lali parecia o mesmo. Tudo exatamente como havia deixado.

— Deixei os arquivos dos quais você vai precisar na sua escrivaninha — avisou Peter. — Mas você terá que chamar Lorraine se necessitar de qualquer ajuda. Eu vou estar atolado durante a maior parte do dia.

— Tudo bem. — Lali sempre apreciou trabalhar com a assistente do chef. — Eu gosto de Lorraine.

— E você também gostou de estar de volta.

— Sim, gostei mesmo.

Seus olhos procuraram os dele, e ambos contemplaram um ao outro, envoltos subitamente no turbilhão provocado pela lembrança da tentativa de fazer amor naquela manhã.

— Preciso ir — disse Peter.

Lali instalou Miguel no cercadinho. Então Peter se despediu dela com um beijo, afagou o cabelo do bebê e saiu calmamente, fechando a porta atrás dele.

Peter retornou ao escritório de Lali às três horas e o encontrou vazio. Silencioso, Sentiu-se só, imaginando como seria a sua vida sem Lali e Miguel.

Escondendo suas emoções, Peter fechou a porta da sala de Lali, se preparando para voltar ao trabalho, para examinar as contas que se acumulavam no seu escritório. Não se importava de cuidar dos livros de contabilidade. Peter sempre fora especialmente hábil com os números. Claro, ele preferia ficar ao ar livre, mas também passava boa parte do tempo interpretando o papel de cowboy do rancho, comandando danças no celeiro, passeios no campo de feno e piqueniques.

Atividades das quais Lali costumava participar com ele.

Assim que ele se aproximou do lobby, diminuiu o ritmo dos passos. Não ia doer perguntar a Maria a que horas Lali se fora, por que saíra mais cedo, quem a levara até a casa da fazenda.

Tinha o direito de saber. Não tinha?

Esperou Maria completar uma transação com um hóspede antes de falar com ela.

— Señor Peter. — Ela o cumprimentou com seu sotaque carregado. Maria administrava a recepção no Elk Ridge desde o começo, tratando Peter com respeito, mesmo quando ele era apenas um adolescente beberrão.

— Ei. — Peter lhe acenou com um sorriso galante.— Quando ela saiu? — inquiriu, odiando a si mesmo por não conseguir apagar Lali da sua mente.

— Ela, quem? — Maria ergueu a cabeça, solícita. — Ah, se refere señorita Lali? Mais ou menos uma hora atrás. — Uma ruga amarrotou sua testa enquanto ela pensava o que dizer. — Miguel estava muito irrequieto. Não que ele não seja um bom menino. Mas é apenas um bebê, não é mesmo? Foi muita excitação por um dia.

— E quem os levou para casa?

— O señor Nicolas

Peter simplesmente concordou com um aceno. Sabia que o primo estava sempre à disposição.

— É melhor que eu volte ao trabalho. — Deu uma pancada leve com a palma da mão sobre o balcão da recepção, anunciando sua saída.

Um momento depois, Peter desviou para longe do hotel e tomou a direção do ar revigorante de Hill Country.

Assim que a casa surgiu no horizonte, ele conduziu a caminhonete pela longa pista de cascalho e franziu a testa ao ver aquelas figuras na sua varanda. Lali e dois homens de terno.

O especialista em comunicações não poderia chegar antes do dia seguinte, e, além disso, avisara que estaria vestido como técnico de telefone comum. Então, por que os ternos?


Lali não parecia nem um pouquinho confortável. Estava de braços cruzados, toda a sua linguagem corporal tensa...

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