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sexta-feira, 29 de março de 2013

A família Lanzani - Capítulo 47

A família Lanzani



Capítulo 47


— Nem eu. Como você soube, Peter? O que fez você reconhecer que me amava?
Beijou o alto da cabeça de Lali, dando-lhe coragem para olhar para ele.
— Foi uma coisa que o meu primo me disse. Ele me perguntou como eu me sentiria se não a visse mais. E de repente eu estava em pânico, com medo de perder você de vez.
— Estou aqui para ficar — Lali garantiu a ele. — Nunca mais vou embora.
— Me desculpe por magoar você — murmurou Peter. — Por renegar meus sentimentos a seu respeito.
— Me desculpe, também. — Lali jamais pretendera fugir, deixando Peter afogado em medo.
— Você já se desculpou o bastante, Lali. É hora de ir em frente.
— Mas nosso bebê não sobreviveu. Se eu tivesse ido a um hospital, se eu tivesse...
— Shh. — Peter passou a mão pelos cabelos dela, consolando-a. — Não foi culpa sua.
— Eu devia ter dado um nome a ele.
— Não. — Peter sacudiu a cabeça. — Você fez a coisa certa. Seguiu o velho costume Cherokee. — Fez uma pausa, tomou um fôlego profundo. — Você vai me levar ao local onde ele está enterrado?
— Sim. — Lali compreendeu que Peter precisava se despedir da criança que ele não conhecera, o pequenino que ela embalara no ventre.
Quando ambos caíram em silêncio, Peter a levou para o quarto e a beijou, recomeçando o dia, refrescando sua confissão de amor.
Lali aceitou o que ele lhe oferecia, perdida na beleza da mágica, dos desejos embalados em papel prateado e sonhos embebidos no aroma das flores. E então... Tudo aconteceu...
Peter e Lali Miguel chegaram a Oklahoma numa tarde quente e seca. A estrada até a cabana era uma longa e árdua viagem, um caminho flanqueado por formações rochosas e folhagem. Não era o cenário familiar da terra natal de Peter, mas ainda assim era belo. O solo estava coberto por mato, árvores e pequenas flores amarelas, que cresciam como ervas daninhas.
Quando a cabana surgiu no horizonte, Peter olhou atentamente para a primitiva estrutura de madeira. Lali sorriu para ele, e seu coração se tornou quente como cera, derretendo-se como vela. Sabia que isso seria difícil para ela, retornar ao local onde dera à luz e sepultara um filho. Mas Lali estava ali por sua causa, o pai da criança perdida.
Estacionou junto à cabana, e Miguel despertou no assento traseiro, espreguiçando e gemendo.
— Você está pronta? —Peter perguntou a Lali.
Ela acenou que sim com a cabeça, e saíram do veículo. Peter retirou o cinto de segurança de Miguel e ergueu o menino nos braços. Miguel se agarrou a ele, ainda lutando contra o sono.
Peter alisou os cabelos negros e espessos do garoto e se aproximou de Lali.
— É por aqui — mostrou ela, guiando-os pela construção grosseira até uma floresta que se estendia por quilômetros.
Avançaram por uma trilha sinuosa e entre troncos descascados e arbustos. Subitamente Peter avistou a árvore que marcava o túmulo do bebê. Ela se erguia do solo como um anjo, sua floração de verão tão branca e macia como penas.
Com Lali ao seu lado, eles se ajoelharam sob a árvore. Peter sentou Miguel na sua frente e deixou que o menino enchesse as mãos com as flores caídas.
— Havia um outro bebê — contou Lali para Miguel. — E nós viemos aqui nos despedir dele.
— Ele tinha um pônei igual ao seu — acrescentou Peter.
— Pa? — A criança olhou para cima. Estava próximo do seu primeiro aniversário, suas pernas pequeninas se tornavam cada vez mais robustas. Logo estaria andando, correndo pela grama em volta da casa.
— O outro bebê era nosso filho — prosseguiu Peter. — Mas você é nosso filho, também. — O filho dos seus corações, pensou. O menino doce e bonito a quem eles iriam amar e acarinhar para o resto das suas vidas.
Miguel entregou uma das pétalas brancas para Peter, e ele a aceitou de bom grado, segurando-a como um floco de neve na palma da mão...



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