Capítulo 3 - Aula de surf
No outro dia acordei cedo e fui tomar meu café.
Gas: bom dia pai.
Ciro: bom dia Gastón. Dormiu bem?
Gas: como uma pedra.
Ciro: que bom, eu fiz torradas quer?
Gas: claro.
Tomei meu café como sempre, sem nenhum assunto entre nós, os que surgiam era eu quem puxava e mesmo assim duravam pouco. Depois do café peguei minha prancha de surfe e fui pro mar, fiquei em frente a casa de praia de Rochi, as ondas estavam ótimas. Surfei umas 2 horas e decidi descansar um pouco, sentei na areia e senti alguém atrás de mim.
RRR: as ondas estavam boas hoje?
Gas: ah, oi Rochi, estavam ótimas.
Rochi: sabe... Quem sabe um dia você possa me ensinar a surfar? Acho isso tão... Lindo. A forma como vocês surfistas deslizam sobre a água é incrível. – se sentando a meu lado na areia.
Gas: claro, se quiser agora mesmo te ensino.
Rochi: sério? Ok, vou lá pegar meu biquíni. Já volto.
Eu só queria ver isso, ia ser muito interessante ver Rochi tentando subir numa prancha. Ela chegou e fui ensinando-a a como ficar em pé numa prancha em cima da areia.
Gas: o surfe é um esporte solitário no qual períodos de tédio são intercalados por atividade frenética, e ele te ensina a aceitar o fluxo da natureza em vez de combate-lo... tem a ver com entrar na vibe. Pelo menos é o que dizem as revistas de surfe, e eu concordo. Não há nada tão emocionante como pegar uma onda e ficar dentro de um tubo de água que rola em direção a costa. Mas não sou como esses caras de pele trincada e cabelo ressecado que fazem isso o dia todo, todo dia, porque acham que é o ápice e o objetivo máximo da existência. Não é. Para mim, tem mais a ver com o fato de que o mundo é louco e barulhento quase todo o tempo e, quando você está lá, ele deixa de ser. Você consegue ouvir os próprios pensamentos.
Era o que eu dizia a Rochi enquanto íamos para o mar, ou pelo menos achava que dizia. Por que no fim era só enrolação para não deixar muito na cara o quanto eu tinha gostado de vê-la em um biquíni.
Rochi: então o surfe é igual a andar cavalo.
Gas: hã?
Rochi: ouvir os próprios pensamentos, é por isso que gosto de montar. Também amo escrever historias, nelas eu me expresso sabe? Ou tento fugir dessa realidade.
Gas: então vamos, porque as melhores ondas são no começo da manha.
eu fui carregando a prancha e Rochi tentando entrar na água, porque segundo ela, estava muito fria. Estava tão distraído procurando um lugar bom para Rochi, que nem notei que ela não estava mais a meu lado.
Rochi: ESPERE, ESPERE!- gritando da beirada do mar.
Gas: VEM ROCHI!- acenando com a mão para ela vir até mim.
Rochi: ESTÁ MUITO FRIA! UII! – pulando onda por onda.
Gas: UMA HORA VOCE VAI TER QUE ENTRAR, FURE UMA ONDA QUE O FRIO PASSA!
Rochi: TEM CERTEZA?
Gas: CLARO.
Rochi: OK VOU TENTAR. – ela contou até três e mergulhou- DEUS, QUE FRIO!
Gas: SE ACOSTUME COM A ÁGUA PRIMEIRO!
Rochi: TÁ ESPERE SÓ UM MINUTO QUE JÁ VOU INDO. UAU. ISSO É REALMENTE FRIO. BAAH.
Gas: VOCE CONSEGUE. – disse sorrindo.
Rochi: não gosto de frio, eu odeio! – já ao meu lado.
Gas: você vive nas montanhas, onde neva.
Rochi: sim, mas pra isso temos jaquetas, lareiras, gorros, luvas que usamos para nos manter aquecidos. E não nos jogamos nas águas do Ártico logo pela manha.
Gas: a ideia foi sua...
Rochi: é eu sei, mas eu não sabia que tava tão fria assim...
Gas: se quiser podemos sair.
Rochi: não, não vou conseguir.
A respiração dela logo começou a normalizar, mas a pele continuava arrepiada. Ela deu mais um passo a frente.
Gas: porque não mergulha de novo?
Rochi: nem morta! Já me torturei uma vez, faço do meu jeito ok?
Gas: ok, não se apresse por minha conta, leve o tempo que quiser.
Rochi: vou levar sim, obrigada.
Ela andava fazendo caretas por causa da temperatura, eu acabei deixando escapar um riso e ela ficou alterada.
Rochi: ei, não ria de mim.
Gas: não estou rindo.
Rochi: não esta agora, mas soltou uma risadinha silenciosa.
Gas: e como é isso?
Rochi: são aquelas hihi baixinho. – imitando a risada.
Gas: haha agora eu ri.
Rochi: ok foi engraçado. Haha
Fomos nadando até que a agua estivesse na altura de nossos ombros, Rochi subiu na prancha. Segurei firme, tentando não olhar para seu corpo, o que não foi fácil, considerando que estava bem na minha frente e era um corpaço. Forcei-me aa monitorar a marola atrás de nos.
Rochi: e agora?
Gas: você lembra o que fazer? Reme forte, agarre a prancha dos dois lados e fique em pé.
Rochi: lembro.
Gas: é meio difícil no começo. Não se assuste se você tomar caldo se acontecer, é só deixar a onda levar. Geralmente é preciso repetir algumas vezes até conseguir.
Rochi: tudo bem.
Vi uma onda pequena se formando.
Gas: prepare-se... e comece a remar.
Quando a onda nos atingiu, empurrei a prancha, dando um certo impulso e Rochi pegou a onda. Não sei o que esperava, mas com certeza não era vê-la ficar em pé, se equilibrar e surfar a onda inteira, até que se desfizesse perto da areia. No raso, ela pulou da prancha e virou-se para mim com ar triunfante.
Rochi: QUE TAL?
Gas: MUITO BOM! – disse batendo palmas.
Apesar da distancia entre nós, não pude desviar o olhar. Cara, pensei de repente, estou realmente enrascado.
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