Capítulo 23 - Não é uma reconciliação
De repente seu cérebro voltou a funcionar.
— Isto não é uma reconciliação.
— Eu sei. Você já me disse. Sem promessas.
— E sem arrependimentos. — Cheio de culpa, Peter tocou levemente o rosto de Lali. Ela tinha que parecer tão angelical? Tão ferida? — Vamos viver um dia de cada vez. — Levantou o queixo de Lali, encorajando-a a olhar para ele. — Tudo bem?
— Tudo bem.
Lali suspirou.
Lali ergueu a cabeça para beijá-lo, e o calor começou a aumentar.
O despertador disparou seu alarme estridente no ouvido de Lali. Ela teve que passar por cima de Peter para conseguir desligar. Ele se agitou, resmungou e virou de lado.
Confortavelmente, protegida pela manhã, Lali beijou o ombro de Peter, depois trilhou a pintura de ébano no braço, seguindo suas formas primitivas. Peter gravara aquela tatuagem na adolescência, mas o gesto foi mais do que uma rebeldia artística. A marca tribal foi o jeito que encontrara para abraçar sua herança, para demonstrar o orgulho por uma cultura que costumava repelir.
Ele abriu os olhos e espiou Lali discretamente.
— Já é hora de acordar?
— Eu não sei. — Lali correu porta afora, Peter no seu encalço. Ela ouviu o rapaz tropeçando na calça jeans, atacando o zíper com mãos desajeitadas.
Encontraram Miguel de pé no seu berço portátil, sorrindo de orelha à orelha, batendo com as mãozinhas no topo da cabeça peluda de Chester.
Peter caiu na gargalhada.
— Acho que ele tem uma nova babá.
— Assim parece.
Peter esticou os braços para pegar o bebê.
— Sua pequena hiena. Você me deu um susto filho-da-p... — faz uma pausa para reestruturar a frase — da polícia. — Outra pausa repentina. — Droga. Ele está ensopado. Tome. — Peter entregou a responsabilidade a Lali. — Eu ainda não digeri bem essa coisa de trocar fraldas.
— Você nem tentou.
— Então me processe. Não estou acostumado a ser pai. E isto é temporário, lembra?
Como ela poderia esquecer? Sem promessas. Sem remorsos. Lali trocou Miguel, e o menino chutava os pezinhos no ar e tentava se livrar, determinado a afagar Chester outra vez. O cão farejou a fralda molhada e Peter deu um tapa nele.
— Vamos lá. Tenha bons modos. — Peter se voltou para o bebê novamente. — Ei, parceiro. Quer ver o seu quarto novo?
Com Chester a reboque, eles foram até o quarto do bebê. Miguel agitava os braços, e o cachorro logo subiu no pequeno sofá, decidindo que o móvel fora feito sob medida para ele.
— Pa... pa... pa!
— É. O seu pônei está aqui. Os dois pôneis.
Peter girou o menino pelo ar, e Lali observava os dois. Seu amante, Seu filho.
Deus a ajude, mas ela queria ficar com os dois. Para sempre...
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