Seguidores ;)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A família Lanzani - Capítulo 1

A família Lanzani


Capítulo 1 - Cabum!


A chuva fustigava as janelas, e relâmpagos cintilavam em riscos incandescentes. O retumbar intermitente das trovoadas fez com que Peter Lanzani, 25 anos, se lembrasse do povo-trovão das lendas Cherokee que o tio lhe contava.

Quando era garoto, Peter zombava da existência daquelas criaturas sagradas, mas naquela noite transtornada pela fúria do mau tempo imaginava se tais seres não poderiam estar lá fora, autorizados pelo Criador a executar seus deveres especiais.

Deveres trovejantes.

Cabum!

Outro estrondo quase fez seu coração sair pela boca.

Mas, então, por que Peter pressentia que alguma coisa estava prestes a acontecer? Alguma coisa que não estava nos seus planos, pensou, enquanto mantinha os olhos fixos na TV.

Novamente, uma trovoada irrompeu através da sala de estar, e Peter agora olhou em volta, só para se assegurar que estava tudo bem.

Peter morava em uma casa de fazenda típica do Oeste americano, com telhado vermelho e paredes brancas, em Texas Hill Country, o lugar onde nasceu. Um lugar onde vivia em paz, ao menos na maior parte do tempo.

Cabum!

Outra vez aquele barulho. Só que agora parecia muito perto, muito familiar, muito...

Muito parecido com alguém batendo à porta?

Com um sorriso maroto, Peter abriu a porta.

Mariana, estava em pé do outro lado, completamente encharcada, e abraçando contra o peito uma trouxa enrolada sob um cobertor.

Lali ,sua namorada desaparecida, a mulher que sumira há um ano e meio sem deixar pistas. A morena estonteante que sentenciou seu torturado coração ao inferno.

Seus olhares se tocaram, e o pulso de Peter disparou. A água faiscava no rosto dela, salpicando seus cílios de pontinhos brilhantes. Mesmo no escuro, os olhos de Lali irradiavam um castanho cristalino.



- Eu toquei a campainha, mas não estava funcionando - explicou ela, sua voz soou como um toque de serenidade em meio ao temporal.

Tudo o que Peter podia fazer naquele instante era contemplar Lali, e lutar para controlar as emoções. Desconfiou que o embrulho amarfanhado nos braços dela só poderia ser um bebê.

Mas de quem seria aquela criança? Dele ou de outro sujeito?

Petrr sequer fazia idéia do que acontecera com Lali. Ela viajara para a Califórnia a negócios e, simplesmente, havia evaporado no ar. Desnorteado com a sensação de que algo terrível houvesse acontecido, Peter preencheu um Boletim de Ocorrências no setor de pessoas desaparecidas do departamento de polícia. Porém, o que a investigação policial trouxe à tona foi apenas um motivo de grande decepção.

- Posso entrar? - pediu Lali.

Peter não poderia mandar a criança embora, não se fosse dele.

Assim, sem dizer nada, deu um passo para trás, permitindo que Lali entrasse na casa onde viveram juntos um dia.

- Peter?

 Pronunciado pelos lábios dela, seu nome penetrou-lhe como uma flecha. Assim como as lembranças do inquérito policial. A suposta convenção da qual Lali participaria jamais ocorrera e, além disso, ela encerrou sua conta de poupança em Los Angeles, sacando todo o dinheiro que herdara da falecida mãe com o resgate do seguro de vida.

O departamento de polícia de Los Angeles concluiu que o desaparecimento de Lali fora intencional, e como ela não estava envolvida em nenhum crime, os investigadores decidiram interromper a busca pelos indícios que pudessem guiá-los até ela.

Entretanto, havia uma pista fundamental para solucionar o mistério. A polícia descobriu que,Victorio meio-irmão de Lali, estava morando em Los Angeles e que havia deixado a cidade no mesmo dia em que ela havia cancelado a conta no banco.

Mas como Nico havia recebido a suspensão da sentença judicial, o ex-presidiário agora estava livre para andar por onde bem entendesse. Assim como Lua, argumentaram os detetives.



-Peter? – repetiu Lali, atraindo de volta a atenção dele.

- Sim?

- Tudo bem se nós passarmos a noite aqui?

Nós. Ela e a criança.

- Sim - respondeu, mais uma vez.

- Será que você poderia buscar o berço dele no carro? É um modelo portátil. Há também uma mala da qual vou precisar. E uma sacola de fraldas.

Quantos meses teria a criança?, pensou Peter ,enquanto pegava as chaves de Lali para se aventurar do lado de fora. Ele precisaria olhar o bebê mais de perto para descobrir.

Será que ela já estava grávida quando resolveu ir embora?

Carregou todas as coisas para dentro, e ela agradeceu com um sussurro.

E de novo, o silêncio.



- Você pode segurar o bebê enquanto eu arrumo a cama?

Ele. Então era um menino.



Peter se aproximou, e Lali passou a criança para os seus braços. Não era exatamente um amador no trato com bebês; seu primo Nico tinha um filho de apenas seis semanas. Claro, esta criança era muito maior e mais pesada do que o outro pequenino.

- Qual é o nome dele? - indagou Peter

Lali afofou as roupas de cama.

- Miguel.

Peter observou o rosto da criança com mais atenção. Podia ver claramente que Miguel tinha sangue indígena correndo pelo corpo.

- Quantos meses ele tem,Lali?

- Dez meses. - Nervosa, Lali ergueu o bebê e o colocou no berço, removendo a manta que o envolvia.

Miguel se agitou um pouco, mas não chegou a despertar.

Um bebê de 10 meses com traços indígenas. Não era preciso ser nenhum gênio para fazer as contas e solucionar a equação étnica.


- Ele é meu?...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem sua opinião sobre o que acharam da postagem! ;)

Clipe da semana